Kay Rala Xanana Gusmão (foto fontes: En. wikipedia. org)

“REFORÇAR A AÇÃO PARA PROTEGER OS OCEANOS COM BASE NA CIÊNCIA E NA
INOVAÇÃO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO OBJETIVO DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL 14: PROTEGER A VIDA MARINHA – BALANÇOS, PARCERIAS E SOLUÇÕES”

Altice Arena, Lisboa 28 de junho de 2022

Distintos Presidentes e Vice-Presidentes da Conferência

Excelências
Senhoras e Senhores

Em nome da República Democrática de Timor-Leste, começo por agradecer à Organização das Nações Unidas, bem como aos Governos da República Portuguesa e da República do Quénia, a pertinência e organização desta segunda Conferência dos Oceanos das Nações Unidas.

É uma honra e uma alegria estar aqui hoje e ter a oportunidade de destacar o nosso compromisso com o ODS 14, com o Oceano e com o nosso futuro coletivo.

Tenho a honra de representar S. Exa. o Senhor Presidente da República de Timor-Leste, Dr. José Ramos-Horta, que deseja os maiores sucessos para esta Conferência.

Timor-Leste é um Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento – a nossa identidade está ancorada no mar. O oceano traçou o nosso passado e está no âmago da nossa visão para o futuro.

Como tal, queremos juntar as nossas vozes e, sobretudo, as nossas ações, a todos aqueles que estão igualmente comprometidos na defesa do oceano, do qual todos dependemos.

O oceano, este órgão vital, está a adoecer. E, portanto, o nosso planeta, a humanidade, estão em perigo.

Na nossa história comum o poder, o egoísmo e a ambição têm provocado grandes sofrimentos a muitos povos do mundo.

A guerra, a fome, a pobreza, as desigualdades, são produtos do ser humano. São tragédias que podiam ser evitadas e que podiam ser resolvidas pelo ser humano.

Em vez disso, estamos a tratar a natureza com a mesma sobranceria!

E a natureza terá de ser implacável para se defender.

E apesar de nem todos sermos igualmente responsáveis pela pressão que infligimos à natureza, todos seremos vítimas.

E as primeiras vítimas são sempre os mais frágeis e vulneráveis. Cruelmente, muitas vezes, os mesmos que vivem em maior harmonia com a natureza.

Os relatórios científicos fornecem-nos dados concretos e mensuráveis sobre a degradação dos mares e oceano. O nosso maior filtro de carbono, essencial contra as alterações climáticas está a ficar entupido.

Mas em alguns países no Pacífico, na Ásia, em África ou na América Latina, não precisamos de ler os relatórios. Sentimos – e sofremos na pele – as suas consequências!

Ameaças globais, requerem respostas globais! Espero que a pandemia de Covid-19 tenha pelo menos servido para nos ensinar esta importante lição.

Excelências
Senhoras e senhores,

Apoiados pelo direito internacional, particularmente pela UNCLOS, conseguimos recentemente estabelecer fronteiras marítimas permanentes com a Austrália. E estamos a trabalhar para, num futuro próximo, alcançarmos o mesmo propósito com a Indonésia.

A UNCLOS é essencial para a boa governação do oceano e para alcançar o ODS 14. Espaços “sem governo”, são espaços de “incerteza”.

Timor-Leste está localizado no coração do Triângulo de Coral. Aliás, o nosso mar tem uma área com a maior biodiversidade do mundo inteiro. Temos também uma das maiores concentrações de cetáceos do planeta, e corredores de migração de baleias, incluindo a incrível baleia azul, a baleia jubarte, o cachalote e golfinhos.

Queremos estabelecer um Centro de Educação Marinha, com o apoio de instituições internacionais, nomeadamente académicas. Estamos empenhados numa Economia Azul que proteja e explore o oceano de uma forma equilibrada.

Entendemos fundamental a cooperação com os países vizinhos, assim como as parcerias com outros Estados. Estas iniciativas têm o objetivo de trazer know-how, tecnologia e investimento que poderão ser um ponto de viragem para o desenvolvimento sustentável de TimorLeste.

Reiteramos o nosso compromisso com o Acordo de Paris, e vemos com satisfação as principais iniciativas que decorreram da COP 26, sublinhando que é necessário um maior esforço global para ajudar os países em desenvolvimento a combater as alterações climáticas.

Apoiamos também a missão da Década das Nações Unidas da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável, no sentido de encontrar soluções transformadoras de ciência oceânica que liguem pessoas e oceanos.

Encorajamos os jovens a desenvolver soluções inovadoras que, com base na ciência, contribuam para minimizar estes problemas, objetivo que por certo o Fórum da Juventude e da Inovação muito contribuiu.

Um futuro que se quer azul, está nas mãos de uma geração azul.

E renovamos o empenho que assumimos na Conferência dos Oceanos em 2017 e nos Compromissos Voluntários.

E hoje mais tarde, os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento do Pacífico e Timor-Leste vão adotar uma Declaração Conjunta sobre a Aliança de Adaptação às Alterações Climáticas.

Temos, por isso, uma enorme expectativa nos compromissos globais, soluções e parcerias que possam ser encontradas durante esta Conferência dos Oceanos.

Muito obrigado!

Kay Rala Xanana Gusmão